Quem me encontra
uma menina
com sorriso de boninas
Uma menina faceira
tagarela
cuja vida é uma brincadeira
Estou a procura dela
não sei para onde foi
Está além de minha janela
que saudade que dói
em pensar na menina
que adora enfiar o nariz em coisas:
em livros, conversas, até no pratinho da tartaruga
- Desce do pé de acerola Jhenifer!
a mãe ralha lá dentro
mas ela já está em outro intento
- que será que eu invento? - pensa.
Puxa o museu de artes debaixo da cama
expõe suas obras na parede,
no colchão
no ventilador
até a tartaruga sai levando
uma arte fina em seu casco
Mas ela já decide que é ginasta
e sai fazendo malabarismos tais
que faz um nó nas pernas e derruba os cristais
- Ê menina levada, já levas uma palmada!
a mãe esquece que ela é gênio,
e só vê a bagunça na casa, coitada
Incompreendida...
Deprimida decide que é poeta
Senta-se à mesa imaginária
feita de caixa de sapatos
E escreve uma obra prima
à prima que mora na China
Que prima?
Eita menina!
Feliz Aniversário a minha querida sobrinha Jhenifer! Te amo linda... Tantas saudades.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
Ecrã
Seres mentecáptos
energúmenos
insanos
sois
Avaros
insensatos
frios amantes de si
Glória feita de fumaça
é a tua carapaça
teus caminhos
trapaças
raça
que passa
que pisa arrastas
sonhos que amassas
tu e teus cruéis comparsas
Peças da máquina maldade
tua cidade apavora
chora e implora
impiedade
vá
iniquidade
evapora agora
Sábios esperam a hora
da sensatez iluminar tua idade
uma peça
tua chave
Ao longe antepassados
aguardam o teu sacrifício
têm sede
de sangue
da sensatez iluminar tua idade
uma peça
tua chave
Ao longe antepassados
aguardam o teu sacrifício
têm sede
de sangue
esvaindo
em morte
e gulosos assistem a espera
de que tu voltes, para morrer
outra vez, outra vez, outra vez
em morte
e gulosos assistem a espera
de que tu voltes, para morrer
outra vez, outra vez, outra vez
domingo, 17 de fevereiro de 2013
Seda
Qual flâmula
Farfalha a seda macia
Desliza contra a
pele,
Arrepia
O corpo nu sob a seda
escarlata
Orna Leda,
Em lânguida borboleta
Sedosa tez
Seduzida pela maciez
da seda
A espera do cisne
Contorce em sede
Leda
Leda
Ah Leda, vestes o
berço
Das mariposas bebês
Inebriada foste atraída
Às luzes de tantas
cores
Derramadas no manto
da tua pele nua
A caldeira ferve
borbulhante
Inocentes as pupas
dormentes
Desconhecem
O destino fervente
Leda envolta em seda
Desmente em tom
demente
A cruel saga da trama
dos fios
Leda se deleita
Enquanto Zéfiro
furioso
Adentra da janela
Em lufadas gélidas
Lambendo-lhe
Alando-lhe
Ardendo
O seio sedoso
enrijece sob a seda
enquanto ela pinta o
lábio
Carmim
Leda suspira
Aos sussuros de
Zéfiro
Espera que a hora se
apresse
E que o afago da seda
Lhe adormeça
A sensibilidade de
mariposa
Para que devassa
Enlace
A hora do cisne
A hora do cisne
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
Beiro Ebrio
Ah ha ha ha!
Hoje vou me embriagar,
Vou entortar o caneco
vou encher a cara
Hoje vou dizer chega:
às convenções impostas
às modestias
às máscaras
às vendas dos olhos
Hoje vou abrir a janela proibida
vou espiar a vida que há além
vou me derramar em choro
oh, yes!
Choro!
Que se danem seus ombros distantes
sua insensibilidade
sua estúpida aparente racionalidade
vou chorar desde o coelhinho morto
à última mágoa boba
sim, a entonação da voz diz muito
Hoje eu derramo minhas mazelas
meu grito abafado na garganta
vai soar na abóbada celestial
como trombetas apocalipticas
Hoje eu quero explodir deste círculo vicioso
uma explosão de mágoas
para que eu possa externar
que não sou feita de choro
que essas lágrimas só estão aqui
por sua culpa
pela sua ausência
Que eu entendo, mas que mesmo assim dói
e se sua mão me alcançar a tempo
gritemos e nos embriaguemos juntos
e vamos fazer chover as flores que escondemos
na cortina da convencionalidade
Razão, vá para o inferno hoje!
Eu quero tocar a minha própria alma
encolhida, carcomida, esquecida
e reaprender-lhe o encanto
Vamos beber do céu azul tão lindo lá fora,
embriaguemo-nos com o vôo dos pássaros
pasmemos estupefatos com o trilhar da formiguinha incrível
escandalizemo-nos com a sabedoria das abelhas
vamos inspirar do que ensinam as estrelas
Não, não visitemos o planetário!
Vamos subir nas montanhas dos nossos sonhos
e estudar o mapa do universo por si
Vamos chorar de emoção com as estrelas cadentes
Vamos inventar um mito novo:
dar três pulinhos, amarremos uma fitinha no braço,
o que seja necessário para que este sonho dure
nem que seja o instante desta poesia.
Então trôpegos,
seguremos as mãos das crianças abandonadas
famintas,
das mães pobres desprezadas,
e rindo sem parar lhes demos a esperança
de que o mundo está lindo ainda,
e que as borboletas hão de apontar
o caminho para nossa metamorfose.
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
Mistere
Estava escuro
Uma noite negra cujo manto
Se estendia na abóbada do infinito
Um escuro sem forma
Suspendido
Soturno
Uma estrela
súbito postulou
uma existencia
Um marco
O início e o fim
Foco
Nubentes escuro e estrela
se misturaram no doce mel
do contraste branco e preto
e o segredo procriou em luz
multiplicando os pontos no céu
Formas geométricas
espelhos paralelos na amplitude
girando o caleidoscópio
maniqueisticamente
A luz negando o escuro
O escuro fugindo da luz
tão distante e tão juntos
existindo um em função do outro
No sonho estrelas mil
adornam um céu convexo
e explodem como fogos de artificio
lançando-se verticalmente
ao abismo
O céu se nubla, apenas algumas restam
O ente suspenso no mistério pondera
Por que cairam as estrelas?
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