segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Anima Mea



Ala-te
Inala
aspira-te alma

Enleva
leva-te
mesmo se distante

Consta no instante
conta
como infante

Atos: balança
alcança
os longilíneos dedos da justiça,
firma a aliança

Asperge
borrifa teu próximo
de gotículas de bondade
Espalhe felicidade

Empluma,
aconchega
sob as tuas asas
os friorentos
os cansados
os lazarentos

Ala-te alma
podes ir além
emerge desta água
banhada de bem

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Felícia


Acabei de vê-la
passou por aqui

Vivaldina, saltitante
pousou em meu ombro
farfalhou-me nas faces
dançou sob a luz estéril
do escritório frio

Azul, infinita, colorida de rio
alçou suas asas diáfanas
insistentes asas fosforescentes,
intrínsecas de saudades

Como um sonho que se sonha
de olhos abertos
transpostos além do bege
da parede, do círculo das horas

Penetrando a probóscida
no doce mel da flor do instante
provocando batidas dançantes
neste coração que ama amar demais

Enches de lampejos de dia
de sabores de luz de estrelas ainda por vir...
Escamas caem destes olhos cegos

Ela brinca ainda
seus pezinhos magricelas
provocando risos, cócegas na alma

Estilhaçada a realidade grita
o retorno ao inerte instante,
porém aos pulos o pulso vibra
ante as irresistíveis visitas
da borboleta inspiração