quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

O enterro do Poeta


Lamentem-se viúvas
pranteiem órfãos
envolvam-se de negro
mães doravante silentes

Quem poderia te chorar Poeta?

Olhos de pedras
voltem a verter suas águas
impuras

O Poeta já não é

Virou o bixo
que queria devorá-lo

Levanta cedo
mas está morto
labuta
paga as contas
tenta acertar em tudo
já não respira
come
como o verme que o come
um dia comeu
e quando cerra as pálpebras
já não sonha

Adeus Poeta
Adeus caminho solitário
Adeus consolo transcendental

o Poeta não se tornou estrela
integrou-se
ao nada
à escuridão
tão longe
nem mesmo a luz
de outras estrelas
podem brilhar em si

A marcha fúnebre é celere
os abutres esperam famintos
que os alimente 
quotidianamente

O Poeta está morto
mas ainda dói


Fabiana Avila
13/02/2020

Um comentário:

Poeta Júnio Liberato disse...

Gostei bastante de conhecer seu trabalho, também sou poeta, gostaria de entrar em contato com você para trocar umas ideias, pode me chamar no whattsapp se quiser. Obrigado!

+55 31 997414629