A borboleta acorda vagarosamente de seu longo sono, confinada no escuro casulo. Tenta mover-se com seu cérebro de lagarta, não sabe ainda que as amarras que a atam são suas recentes asas que como camisa de força lhe confinam dentro da seda. A borboleta se rebela, se estica, rompendo gradativamente o berço de sua transformação. Emerge da crisálida molhada, com as asas murchas, as anteninhas tortas. Fita confusa, ainda acostumando-se à luz os pezinhos que antes eram apenas curtos cotos, agora longas pernas como de gazelas. Boceja faceira esticando a probóscida comprida e se assusta com o novo dispositivo; em deleite sente o cheiro que vem do néctar. Precisou comer muita folha verde, amarga, para sentir o cheiro deste mel. A borboleta transcendeu a fotossíntese, partindo as cores ocultas da luz no arco-íris das escamas de suas asas. Treme-las, sacude-lhes os tubos que se enchem de fluido vital, estica as rugas e se abre esplendorosa. A borboleta nunca saberá a glória de sua beleza, mas ao primeiro impulso aprende as delícias de voar. Deslumbra-se com as flores, sorve-lhes o doce mel, alheia que possa ser tão fascinante como tais. Borboletas não se olham no espelho.
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Acorda Borboleta
A borboleta acorda vagarosamente de seu longo sono, confinada no escuro casulo. Tenta mover-se com seu cérebro de lagarta, não sabe ainda que as amarras que a atam são suas recentes asas que como camisa de força lhe confinam dentro da seda. A borboleta se rebela, se estica, rompendo gradativamente o berço de sua transformação. Emerge da crisálida molhada, com as asas murchas, as anteninhas tortas. Fita confusa, ainda acostumando-se à luz os pezinhos que antes eram apenas curtos cotos, agora longas pernas como de gazelas. Boceja faceira esticando a probóscida comprida e se assusta com o novo dispositivo; em deleite sente o cheiro que vem do néctar. Precisou comer muita folha verde, amarga, para sentir o cheiro deste mel. A borboleta transcendeu a fotossíntese, partindo as cores ocultas da luz no arco-íris das escamas de suas asas. Treme-las, sacude-lhes os tubos que se enchem de fluido vital, estica as rugas e se abre esplendorosa. A borboleta nunca saberá a glória de sua beleza, mas ao primeiro impulso aprende as delícias de voar. Deslumbra-se com as flores, sorve-lhes o doce mel, alheia que possa ser tão fascinante como tais. Borboletas não se olham no espelho.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Minha lista de blogs
-
-
Ave MariaHá um mês
-
My Christmas TreeHá 4 meses
-
flower on bag with bookHá 5 anos
-
-
FusãoHá 5 anos
-
Vintage Holiday MagazineHá 6 anos
-
Eu queria te fazer um poemaHá 7 anos
-
-
-
-
-
-
-
-
Moved my blogHá 12 anos
-
-
-
LapinhaHá 13 anos
-
Feitos para viver para DeusHá 15 anos
-
-
-
-
2 comentários:
PARABENS FABI E LINDO.
ASS TIA MARIA BJS
Muito obrigada tia querida... Que bom ter seu apoio... Love forever
Postar um comentário