quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Apuro


Uma noite agoureira
A lua espreitando das negras nuvens passageiras
A coruja pia um pio soturno
Lobos uivam além em resposta aos uivos dos fios
Rangem dobradiças enferrujadas
das tábuas de portas abandonadas, fechaduras quebradas
Covas abertas no chão guloso
gritos abafados
olhos maquiavélicos espiam do milharal em flor
cobras sibilam das sombras rasteiras
é preciso fazer muito silencio,
para não acordar as criaturas
Morcegos em rasantes passam rentes ao pescoço,
ávidos pelo tesouro draculano
Em agonia o ente se retorce
ante as forcas penduradas nos galhos
num sobressalto o pé quebra um graveto
estrondando com um créck na noite que subitamente silencia
O vento sopra a lamparina que se apaga
shhhhhh
da fria noite uma jorrada quente desce pernas abaixo
Lá ao longe espia o WC maldito com sua boca sarcástica aberta
“Ah ha ha ha ha!
Mais um”, parece dizer.

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