quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Noiva II


A noiva acorda, pensa que voou,
Não vê o vestido em farrapos,
nem os arranhões, acorda promíscua
e se prepara para o encontro alheia
aos hematomas

Embriaga seu corpo na taça da luxúria
Vestida de negro, lábios vermelhos
pensamentos soltos, se concentra
na luz da chama do fogo que vem dos carvões
que aquece ainda mais o corpo cintilante
da seiva dos amores

Devassa
Agarrada pelo rabo-de-cavalo
tenta dominar enquanto é dominada
por seu vassalo

Dancam o dueto como num ballet
os corpos febris na noite de núpcias
dentes, mãos que fingem suaves,
marcas
Um palco de cetim vermelho brilha
aos olhos gulosos dos expectadores
que esperam ansiosos

Encontro,
Em um lapso, deixam de ser dois
metamorfoseados,
encontram a dualidade do ser

O mundo gira tão rápido
num universo suspenso no espaço
em frenesi buscam encontrar o toque
da ciência
Que ela toca primeiro e morde, cega
Ele vem em seguida, sorvendo a delícia
Sabem tudo no instante espasmódico
e a partir de então,
Grand finale: olhos abertos
fitam na platéia, bem e mal
enquanto os corpos ainda
estremessem da explosão

Se entreolham e mal podem conter
um riso de cumplicidade
Cegos, vislumbram o que pensam sabedoria
e o universo ceifa para sua ordem
Mais duas peças de seu grande enigma

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