quinta-feira, 15 de março de 2012

A flor azul


Quando a adormecida manhã madrugava, nem ainda despontara os raios de sol, antes de seu tempo a flor azul já antecipava seu ciclo. Pensava passar despercebida e diáfana qual a alva enevoada envolta em alusões feéricas. Lepidóptera que era, adormecia em sua nova forma de crisálida, aquecida do calor especial que lhe transformava em ninfa. Quando pronta a romper o invólucro, a flor serena estendeu-se toda, entreabindo suas pétalas orvalhadas ao primeiro calor, qual uma estrela, radiava amor, envolvente cativava os olhares dos que por sorte lhe podiam admirar. A flor se detém ao solo, porém seu sonhos são alados, exalando seu perfume ela sabe que seu dia há de vir.
Na manhã da transmutação ela acorda como sempre, azul, perfumada e pronta. A sua volta pode admirar toda a beleza de seu feito, todas as alegrias que pode irradiar, sorri para o verde tão cheio de esperança que lhe alimentou o tale, que lhe deu seiva às pétalas, o chão que lhe deu pés para que não pairasse no ar. É uma flor, mas conhece as necessidades das correntes do seu solo. Inspirada suspira pela hora da fada, sorri para as florzinhas ainda botões a sua volta. Cheia de entusiasmo num suspiro profundo ela rompe a última fase de seu ciclo, a que ela vai ser mais ela, vai dizer ao destino com que tintas molhar a sua pena.
Repicam os sinos do universo. Bem!
Alçando-se de seu talo ela se eleva no ar, parte carregada pelo vento, parte pela sua vontade e a manhã se enche de mágica! Mais uma fada se lança ao vento. Uma flor azul que colore de um tom celeste o céu cobalto pálido. Vai borboleta azul, escreve nesta dança louca do teu voo qual o chão que vais pousar ou não, e cuida-te pois mão levianas podem tentar te aprisionar, uma borboleta é um ser encantado, livre, que se tocada, vira pó. Guarda o teu encanto para a glória das manhãs e para o néctar das flores todas que hão de alimentar-te. Vive intensamente a glória de tuas asas.
A dançarina da manhã se mistura com o céu, como se um dilúvio de borboletas azuis subitamente lhe viessem dar as boas vindas às doçuras de alar-se.

Para minha sobrinha Stephanie ao completar seus 18 aninhos hoje...

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