Uma borboletinha vivaldina
passou pela janela de Alina
Asinha pintadinha amarela
pequenos círculos azuis
Pousou na flor rasteira, abrindo,
fechando as asas, esticou a língua
e devorou o nectar das flores cálidas
Uma a uma as beijava, pulando para o ar
e pousando em outra pétala de mel
Alina puxou a cortina de voal
abriu o vidro e pulou para o quintal
Disse “olá borboletinha”, e suave
tocou na pontinha de sua asinha
A borboletinha riu de cócegas
e mostrou a língua para Alina,
“ah menina”- desde lagarta cócegas lhe fazia
A mãe espiou da janela de cima
“Que faz menina?”
Alheia Alina confabulava
seus sonhos de bailarina
à borboletinha amarela
de fina pálida purpurina
que pousara em seu dedinho
“Suba já Alina, o sol se põe além”
Alina não ouvia senão “ém”
Que soava como eco do sino de Belém
A primeira estrela despontava
a borboletinha com três piruetas
beijou-lhe boa noite e foi dormir
sob a seda de seu casulo
Sobre uma folha tenra
Alina viu ovinhos,
lagartinhas a nascerem
devorando com pressa
a folha do próprio berço
“Viva! Novas borboletas”
Alina exclamou feliz…
Crepúsculo já se fazia
Alina voltou a sua janela
e saltou para dentro da casa
Uma casa casulo, foi jantar
e mais tarde enrolada em cobertas
dormia como uma lagarta
em metamorfose reversa
Para Alina, uma menina-borboleta